Toyotismo

Os sistemas de produção são de fundamental importância para a humanidade. A eficiência de produção e o menor desperdício que trazem o avanço tecnológico, assim como melhoram a condição de vida das pessoas.

Quando falamos em produção em massa, devemos lembrar que esse conceito é novo na história humana. A Primeira Revolução Industrial aconteceu há menos de 300 anos; o Toyotismo, símbolo da Terceira Revolução Industrial, tem menos de 70 anos. Ou seja, é tudo muito recente e, por consequência, sujeito a inovações.

Neste conteúdo, vamos apresentar o Toyotismo, seu lugar na Revolução Industrial, suas vantagens e características, assim como algumas curiosidades. 

Boa leitura!


O que é Toyotismo?

O Toyotismo é um sistema de produção vastamente utilizado no mundo atual. No caso, ele é um dos sistemas que surgiram para tornar a produção de veículos mais eficiente, sobretudo para atualizar o sistema anterior, o chamado Fordismo – outro gigante da produção.

Em resumo, o Toyotismo é uma adaptação do Fordismo à realidade do Japão da década de 60. Como não era possível ter estoques enormes como o método Fordista requer, foi necessário contornar essa desvantagem e reinventar o estilo de produção.

Embora tenha origem na indústria automobilística, esse sistema vale para qualquer fábrica, independentemente do nicho de atuação. Afinal, seus princípios são universais e validados ao longo dos anos. 

Como surgiu o Toyotismo?

A origem do Toyotismo remonta logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, onde o Japão saiu como um dos países derrotados, tendo que se reconstruir. 

Em uma visita às fábricas Ford, Eiji Toyoda percebe o quão poderoso aquele método de produção é, e decide implementá-lo em sua terra natal. Todavia, o Japão é um arquipélago com muitas montanhas, não tendo, portanto, muito espaço útil disponível.

Foi então que o método Fordista foi adaptado à realidade japonesa, deixando de lado a produção desenfreada e adotando a fabricação de itens sob demanda. Ou seja, enquanto o Fordismo produz para vender, o Toyotismo vende para produzir.

Mas essa não é a única inovação trazida por esse novo sistema, como veremos mais adiante.

Onde o Toyotismo está na Revolução Industrial?

Existem duas formas de estudar a Revolução Industrial: entendê-la como eventos segmentados ou vê-la como um processo contínuo. A segunda forma é a mais acurada, dado que temos atualizações de princípios e métodos de uma para outra.

O Toyotismo é tido como um dos marcos da Terceira Revolução Industrial. No caso, ele vem logo após o colapso, em certa medida, do Fordismo – que antes substituiu o Taylorismo.

Um fato curioso sobre esse método é sua rápida adoção pelo mercado internacional. Esse sistema foi adotado logo após seu surgimento, se tornando o favorito quando o assunto é indústria. O sucesso foi tanto que seus princípios são usados até hoje, mesmo que a Quarta Revolução Industrial bata à porta neste momento.

Quais são as características do Toyotismo?

Como foi apresentado anteriormente, o Toyotismo herdou diversos aspectos dos sistemas de produção anteriores, utilizando a tecnologia e alguns princípios adicionais para aperfeiçoá-los.

Em resumo, as principais características são as seguintes:  

Automatização

A automatização teve início no método Fordista, onde esteiras eram utilizadas para levar o produto em fabricação até os trabalhadores, que ficavam estáticos e executavam apenas uma tarefa na linha.

O Toyotismo foi além das esteiras e implementou máquinas mais sofisticadas na linha de produção. De fato, uma das diferenças entre o Fordismo e o Toyotismo é que o segundo gera desemprego, pois usa muitas máquinas no lugar de trabalhadores.

A automatização ainda está em processo de desenvolvimento, e no momento máquinas autônomas estão se tornando populares.

Just in Time

A produção Just in Time é um marco para o Toyotismo, sendo a principal diferença entre ele e os métodos anteriores. Hoje nós chamamos de “produção puxada”, ou seja, só é produzido bens que são demandados, evitando estoques desnecessários.

Essa característica diz respeito ao pouco espaço útil presente no Japão. Eiji Toyoda percebeu que seu país não suportaria fábricas produzindo e estocando como o método Fordista faz, por isso optou pela produção puxada.

Atualmente, é raro ver indústrias que não usam essa ideia como base.

Kanban

O método Kanban é muito popular nos dias de hoje. Isso acontece porque ele permite enxergar, literalmente, todas as etapas de produção pelas quais o produto vai passar. Aliás, até mesmo o acompanhamento da produção está inserido nesse método, agregando ainda mais valor a ele.

Em resumo, a produção é fracionada em etapas, geralmente com cores características, de forma que o item em produção passe por elas até a finalização. Cada etapa é uma coluna e cada item é um cartão colorido.

Foco em qualidade

Um ponto bastante importante da produção Toyotista é o controle de qualidade. Nas fábricas que adotam esse sistema de produção, a qualidade é averiguada após cada etapa da produção, minimizando erros e defeitos no produto final.

Essa filosofia é um incremento importante ao método Fordista, por exemplo, dado que a qualidade só era checada quando o produto estivesse pronto. Isso causava muito desperdício tanto de tempo quanto de recursos, e também contribuia para down times de produção quando os estoques enchiam.

Pesquisas de mercado

Outra adição importante por parte das fábricas japonesas é a pesquisa de mercado. Ao estudar a demanda, as fábricas sabiam, com precisão, o quanto de cada produto seria necessário produzir.

Esse pequeno detalhe permitia diminuir diversos problemas de estocagem, como deterioração de itens, excesso de produção e vários outros encontrados no Fordismo.

A pesquisa de mercado também era importante para mensurar quanto de matéria-prima a fábrica precisa para entregar a demanda. Mais uma vez, a escassez de espaço foi determinante para esses incrementos.

E os princípios do Toyotismo, quais são?

O Toyotismo está amparado por dois princípios muito fortes, que se desdobram em 6, no total. São eles os seguintes:

Melhora contínua:

  1. Desafio: o objetivo está além dos desafios, os quais devem ser enfrentados com criatividade e coragem, sempre munido de visão de longo prazo.
  2. Keizen: melhora contínua, mesmo que sejam pequenos detalhes, com inovação e criatividade.
  3. Genchi Genbutsu: ir até a fonte e ver com os próprios olhos antes de tomar decisões.

Respeito às pessoas:

  1. Respeito: a ideia é construir confiança mútua através da compreensão do outro, com esforço para entender o ponto da outra pessoa.
  2. Trabalho em equipe: estímulo ao crescimento pessoal e coletivo, de modo a fomentar oportunidades de desenvolvimento e aumentar os resultados pessoais.
  3. Definição de valor: baseia-se em entender a percepção de valor do ponto de vista do cliente, visando entregar um produto que satisfaça seus desejos.

Quais foram as inovações do Toyotismo?

O Toyotismo conseguiu superar o Fordismo em muitos aspectos, e nesta seção vamos ver os principais deles.

Para começar a conversa, devemos destacar que a mão de obra no sistema Toyotista é multifuncional e qualificada, bem diferente do sistema Fordista, onde o trabalhador dominava um movimento e não sabia como a produção se dava na fábrica.

A produção tem como objetivo satisfazer uma demanda, e não criar demanda por si própria. Henry Ford, ao ver seu sistema entrar em colapso, buscou aumentar os salários de seus trabalhadores para fomentar a demanda.

O Toyotismo cultiva um leque de produtos, de forma a ter um portfólio atrativo a diversos públicos. No sistema anterior, geralmente era produzido apenas um produto em larga escala.

O estoque é um problema para os japoneses, por isso deve ser evitado a todo o custo. Esse ponto é característico do método Toyotista, sendo tanto um ponto forte quanto ponto fraco desse sistema.

Quais são as diferenças entre Fordismo, Taylorismo e Toyotismo?

Agora que estudamos a fundo como o Toyotismo funciona, vamos fazer uma breve comparação entre ele e os sistemas anteriores, como o Taylorismo e o Fordismo.

Antes de mais nada, devemos entender que todos eles foram grandes revoluções para suas épocas. Da mesma forma, as diferenças tecnológicas são grandes, por isso não devemos apontar qual é melhor e qual é pior. Todos foram excelentes em seus contextos.

Dito isso, vamos às comparações!

Taylorismo

Antes do Taylorismo, as fábricas eram locais caóticos, onde nem mesmo haviam funções previamente definidas, e a produção se dava quase que por sorte. Do meio da massa de pessoas trabalhando, às vezes saiam produtos comerciáveis.

Quando Taylor desenvolveu seu sistema, o aspecto organizacional das fábricas mudou muito. Agora tínhamos postos definidos e uma lógica de produção, ao invés do caos antes visto.

Como o Toyotismo está localizado em um período muito além do Taylorismo, não faz sentido comparar essas produções, mas podemos dizer que o primeiro seguia a lógica “quanto maior a produção, melhor”, o que vai se repetir no Fordismo, seu sucessor.

Fordismo

O Fordismo utilizou como base os avanços conquistados no Taylorismo e adicionou máquina ao sistema, que já era bom. As máquinas, porém, estão muito longe da realidade que vemos hoje: eram esteiras que transportavam o produto de um trabalhador para o outro, durante a produção.

O foco era produzir o maior número de itens possível, em um dado intervalo de tempo. Portanto, não existia um planejamento rigoroso da produção, muito menos um estudo de mercado por trás do que seria produzido.

Mas tudo isso fazia sentido no período de sucesso do Fordismo: estamos falando de um momento onde quase não existia concorrência, o petróleo era abundante e a demanda era enorme.

Já em 1970, essas condições eram muito diferentes: agora tínhamos a crise do petróleo, e produzir veículos sem um bom estudo de mercado era insanidade. É por essa razão que o Toyotismo passou a pesquisar antes de produzir, assim como trabalhar com o sistema Just in Time.

Como o Toyotismo impactou a indústria mundial?

De longe, o maior feito do sistema Toyotista foi reerguer o Japão após a derrota na Segunda Guerra Mundial. Mas os méritos desse sistema não se resumem a isso.

Os avanços conquistados foram remapeados para diversos setores da economia, assim como foram adotados por fábricas de todos os países ao redor do mundo. Isso permitiu um enorme avanço na qualidade dos produtos e na geração de bens de consumo mais baratos, que é equivalente a aumentar o poder de compra da população.

Mesmo hoje, muitos princípios desse sistema estão em vigor nas fábricas, e certamente permanecerão após muitas Revoluções Industriais.

Quais as vantagens e desvantagens do Toyotismo?

Para encerrar este conteúdo, vamos apresentar algumas vantagens e desvantagens do Toyotismo. Veja-as a seguir:

Vantagens

Uma das vantagens de maior destaque era a menor necessidade de mão de obra nas fábricas. O motivo disso era o avanço tecnológico da época, que permitia utilizar diversos equipamentos sofisticados, inclusive pelo mesmo trabalhador.

Essa característica permite reduzir o valor dos itens, dado que os gastos de produção tendem a ser menores que aqueles onde muitos trabalhadores estão envolvidos.

Outra vantagem que merece destaque é o baixo desperdício, dado que as fábricas não trabalham com estoques grandes. Assim, tudo que era produzido ia direto para a comercialização, sem envelhecer nos estoques das fábricas.

Para encerrar as vantagens, temos a mão de obra qualificada, que conhece o sistema produtivo por completo e ainda é capaz de atuar em etapas diferentes da produção. Isso gera um enorme contraste com o método Fordista, onde o trabalhador só sabia uma função.

Desvantagens

O Toyotismo também apresenta várias desvantagens, e a mais intrigante ocorre devido ao baixo estoque. Em períodos de demanda elevada não prevista, a fábrica acaba arcando com um custo de oportunidade por não conseguir atender à demanda do mercado.

Outro ponto importante é que esse sistema é mais lento que o Fordismo. Dessa forma, o tempo entre a produção e a entrega do produto pode ser longo, acarretando custos de oportunidade também.

Por fim, o Toyotismo foi criticado pela diminuição nos postos de trabalho. Antes dele, era necessário um trabalhador para cada pequena tarefa da produção; depois dele, um mesmo trabalhador consegue atuar em etapas inteiras da produção por causa dos avanços tecnológicos.

É muito interessante conhecer esses sistemas produtivos, não é verdade? Temos mais conteúdos como este em nosso blog. Aproveite para ler mais!