Ao longo da história humana, houveram diversas transformações tanto sociais quanto econômicas.
As civilizações experimentaram diversos meios de produção e sistemas sociais, mas poucos deles sobreviveram até hoje – ainda bem!
A primeira revolução industrial ocorreu em 1760 e contou com diversos avanços tecnológicos.
Esses avanços fomentaram o surgimento do capitalismo, onde boa parte do mundo abandonou o sistema feudal.
O capitalismo, por sua vez, perpetuou diversas transformações sociais, trazendo uma divisão simples, no início: donos de meios de produção e trabalhadores.
Nesse sistema temos a luta de classes, cuja base é a reivindicação dos direitos dos trabalhadores.
Além disso, o capitalismo proporcionou algo jamais visto na história humana: pudemos produzir bens de consumo em quantidades gigantescas. Isso levou a diversos avanços, sobretudo o crescimento populacional.
Neste conteúdo, vamos discorrer um pouco mais sobre esse tema, tendo como foco central o Fordismo. Leia tudo!
O que é o Fordismo
O Fordismo decorre da necessidade de produzir bens de consumo a preços menores.
Dessa forma, a ideia é implementar técnicas de produção que tornem as fábricas mais eficientes, diminuindo os custos ao passo que aumenta-se o número de itens produzidos.
Em resumo, o Fordismo foi fundado por Henry Ford, o criador da marca Ford, que produz veículos. Ele foi um dos pioneiros da indústria automobilística mundial, e seu método de produção foi vastamente aplicado nas indústrias por causa de sua eficiência.
Aliás, eficiência é uma palavra mágica para Henry Ford: toda a cadeia produtiva da Ford era baseada na eficiência, tendo como objetivo principal produzir produtos ao menor custo possível.
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Fordismo na Revolução Industrial
A primeira revolução industrial foi um marco para as sociedades humanas. Foi a partir dela que vimos o poder das máquinas na produção, alcançando números interessantes. Mas nada comparado ao Fordismo, desenvolvido no início do século 20.
A primeira revolução deslanchou na segunda, no ano de 1850. Mas foi somente em meados de 1901 que o poder dos métodos de produção foram levados ao extremo, chegando a números jamais vistos anteriormente.
Além disso, os produtos, ao contrário dos fabricados anteriormente, eram de alta complexidade e acabamento impecável. Essas características informavam que, a partir desse ponto, o futuro seria muito promissor.
O Fordismo dominou o mercado de produção até o ano de 1970, quando o Toyotismo, importado do Japão, surgiu no horizonte com estratégias de produção ainda mais interessantes que o Fordismo, tomando o seu lugar.
Portanto, o Fordismo está localizado na segunda revolução industrial, sendo o sistema dominante desse período.
O método Fordista de produção
Para quem estuda o método Fordista pela primeira vez, pode entender, erroneamente, que o método é limitado demais. Afinal, estamos falando de esteiras rodeadas de trabalhadores, onde cada trabalhador executa apenas uma parte da produção.
Essa ideia, por mais simples que seja, conseguia produzir milhões de carros por ano, um feito sem precedentes – ainda mais levando-se em conta a época.
Vamos analisar o Fordismo em detalhes nas próximas seções:
Linha de montagem fortemente automatizada
Na época de Ford, não existiam as máquinas ultra tecnológicas que temos hoje. Para contornar isso, trabalhadores eram usados como máquinas, onde cada um realizava apenas uma etapa da produção.
A ideia era quebrar a produção em centenas de pequenos passos, atribuindo um trabalhador para cada. Assim, tinha-se pessoas especialistas em apenas uma função e, como resultado, a eficiência de montagem era garantida.
Como robôs, os trabalhadores passavam suas jornadas de trabalho realizando apenas um movimento, algo realmente monótono e tedioso – mas que garantia um ótimo salário, ainda mais nas fábricas de Ford.
Produção seguindo princípios básicos
Os princípios básicos do Fordismo são:
- Intensidade.
- Economia.
- Produtividade.
A intensidade, ou intensificação, diz respeito à redução do tempo de produção dos bens de consumo. A ideia é diminuir o tempo de espera para a produção dos itens a valores realmente baixos.
Já a economia, como o próprio nome informa, trata da diminuição de custos durante o processo produtivo. Existem diversas formas de se fazer isso, uma delas é evitar desperdícios na fábrica.
Por fim, a produtividade visa explorar a mão de obra da fábrica ao máximo, de modo a garantir aumento de produção. É por isso que cada trabalhador tinha uma função: assim ele dominava o movimento, sendo capaz de realizá-lo com precisão e rapidez.
Forte inspiração do Taylorismo
O Taylorismo foi outro grande sistema de produção, mas que serviu a primeira revolução industrial. Henry Ford aproveitou os princípios de Frederick Taylor e os otimizou, garantindo melhores resultados.
A grande diferença entre esses dois sistemas são as esteiras da fábrica da Ford. Existem mais algumas diferenças, mas nenhuma se compara ao uso de máquinas na produção. A redução da complexidade do trabalho também é um marco do Fordismo, permitindo a especialização de cada trabalhador na fábrica.
Características do Fordismo
Nas seções anteriores, vimos diversos aspectos do Fordismo, como ele funciona e seus diferenciais em relação ao Taylorismo. Além disso, tomamos o cuidado de localizar esse método de produção em sua época, dado que não devemos comparar sistemas de séculos diferentes.
Nesta seção, vamos nos concentrar em explicar as principais características do Fordismo com o máximo de detalhes possíveis. Não pule nenhum item!
Alta produtividade
A principal característica do Fordismo é a alta produtividade. No caso, estamos falando de números surreais para a época, atingindo valores de vendas realmente altíssimos.
A critério de comparação, a Ford vendeu menos de 140 mil veículos no Brasil, em 2020. Na época de sucesso da Ford do século passado, ela atingiu números próximos de 4 milhões de veículos vendidos em um ano, ou seja, conseguiria suprir quase 30 vezes a demanda de veículos do Brasil.
Levando-se em conta o mercado da época, esse número era avassalador. Grande parte desse sucesso tem origem na falta de concorrentes diretos da fabricante, que permitiu à mesma usufruir, sozinha, do mercado automobilístico global.
Consumismo massivo
Quando falamos em um produção altíssima como a da Ford, surge um problema: como a fabricante vai conseguir vender tudo isso? Henry Ford se debruçou sobre esse obstáculo e encontrou uma solução.
A única forma de garantir que os veículos produzidos fossem vendidos era ter uma população com poder de compra elevado. É nesse período da história que surge o dito “capitalismo de bem-estar social”.
Sem aviso prévio, Ford dobrou o salário de seus trabalhadores, deixando outras fabricantes irritadas. Também reduziu a jornada de trabalho e passou a adotar formas de impedir a rotatividade de trabalhadores, através de incentivos.
Tudo isso objetivava o fomento do consumo em massa, que facilitava a venda de seus automóveis.
Portfólio pequeno
Como os trabalhadores deveriam dominar apenas uma parte da produção, ter muitos itens no portfólio poderia aumentar a complexidade do serviço, de modo a diminuir a eficiência de produção.
Por causa disso, a Ford passou muitos anos comercializando apenas um veículo, o famoso Modelo T. Mas isso não se manteve para sempre: durante a Crise de 1929, Henry Ford se viu diante de mais desafios, e uma das soluções foi, justamente, aumentar o portfólio da empresa.
Mesmo assim, a empresa manteve um número pequeno de modelos disponíveis para a venda, se compararmos às montadoras modernas.
Trabalho desgastante
Uma das queixas mais comuns nas fábricas Ford era o trabalho desgastante. Como o trabalhador só realizava uma tarefa por várias horas seguidas, tanto seu corpo quanto sua mente eram drenados, causando uma forte sensação de cansaço.
Todavia, o esforço era bem recompensado pela fábrica, que garantia salários bem maiores que as concorrentes, assim como jornadas de trabalho menores.
Vale lembrar que o período era péssimo para os trabalhadores, dado que existiam poucas seguranças trabalhistas, assim como quase nenhuma opção de trabalho com salário digno.
Esteiras de produção
Como comentamos anteriormente, o grande incremento feito por Ford, quando comparamos seu sistema de produção com o de Taylor, é o uso de esteiras de produção.
Então, os trabalhadores ficavam posicionados ao lado das esteiras, e desempenhavam seus papéis à medida que o produto chegava até suas posições. Ou seja, eles faziam exatamente o que as máquinas inteligentes fazem hoje em dia.
Por causa disso, não importava se o trabalhador sabia ou não como a produção do bem se dava. O importante era seu desempenho em sua tarefa, o que permitia a eficiência de produção.
Mão de obra especializada
Por fim, a última característica que vamos comentar é a mão de obra especializada. Na verdade, seria mais correto dizer ultra especializada, dado que cada trabalhador só sabia fazer sua parte na cadeia produtiva, sem se preocupar com os demais processos.
Como foi destacado, os trabalhadores, após conseguirem experiência na função, desempenhavam suas tarefas com rapidez e acurácia, permitindo os números surpreendentes que a Ford apresentava na época.
Inovações trazidas por Henry Ford
Henry Ford trouxe diversas inovações tanto nas fábricas quanto na sociedade. Nas fábricas, seu sistema de produção mostrou o poder das esteiras e da divisão do trabalho, enquanto no âmbito social foi notável a melhora no padrão de vida dos trabalhadores.
Declínio do Fordismo
O declínio do Fordismo ocorreu por causa de seu ponto forte: a superprodução. De fato, o objetivo das fábricas era produzir o máximo de veículos possível, com pouco ou nenhum estudo de mercado.
Unindo isso à crise de 1929 e aos concorrentes europeus, temos o declínio do Fordismo, onde as fábricas começaram a acumular muito estoque até que finalmente uma crise surgiu.
O Fordismo foi substituído pelo Toyotismo em 1970, o qual evitava o problema do estoque pelo artifício da produção sob demanda.
Fatos interessantes sobre Henry Ford e a Ford
Nesta seção, separamos alguns fatos interessantes sobre Henry Ford e a própria Ford, que poucas pessoas sabem. Aproveite para descobrir!
Filosofia de trabalho
Henry Ford era um homem preocupado com a eficiência de produção, que tinha como principal ingrediente a mão de obra. Devido ao modelo de produção Fordista, rotacionar trabalhadores não era interessante, por isso esse foi um dos desafios que Ford solucionou.
Para evitar a rotatividade de trabalhadores, o salário das fábricas foi aumentado muito acima das concorrentes, e a jornada de trabalho reduzida.
Enquanto as outras fábricas pagavam em torno de US$ 2,50 por 9 horas de trabalho por dia, a Ford pagava US$ 5,00 por apenas 8 horas de serviço.
Ford na aviação
Muitas empresas automotivas contemporâneas da Ford entraram no ramo de aviação, a partir da Primeira Guerra Mundial. A própria Ford teve uma linha de aviões própria, após Henry Ford adquirir a Stout Metal Airplane Company em 1925, que passou a se chamar Ford Airplane Division.
Mas os negócios não foram bem ao longo dos anos, e menos de uma década depois a empresa fechou as portas. O modelo de maior sucesso foi o Ford 4AT Trimotor, conhecido como “Ganso de lata”.
Carros Ford nas corridas
A Ford se aventurou nas corridas automobilísticas no período compreendido entre 1901 e 1913. Os maiores feitos da empresa foram vencer uma corrida mar-a-mar em 1909, assim como bater um recorde durante um evento em 1913.
Em 1913, a Ford tentou entrar no Indianapolis 500, mas não pôde participar porque o modelo T era leve demais. Desse dia em diante, a Ford saiu das competições.
O legado deixado por Henry Ford
Henry Ford deixou como legado a produção em massa, o uso de máquinas e trabalhadores para alcançar números impressionantes, e uma boa quantia para investir em diversos setores, através de doações.
Sem dúvidas, o Fordismo foi um sistema de produção muito relevante, onde alguns de seus princípios são usados até hoje.
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