A lean startup é um conceito que surgiu no início dos anos 2000 trazendo muitas alterações no modo de trabalhar das empresas.
Embora a ideia inicial fosse solucionar alguns problemas das startups, esse sistema vale para as empresas tradicionais também – moldando a postura dos colaboradores, na maior parte do tempo.
O conceito é bastante simples, mas a prática pode ter diversos obstáculos. Na verdade os obstáculos, para uma startup, são rotineiros, e o método lean vem para trazer mais tranquilidade aos empreendedores.
Neste conteúdo, será apresentado diversos aspectos desse método, desde seu funcionamento até como implementá-lo. Aproveite para ler tudo!
O que é lean startup?
Ao longo da história humana, a produção de bens passou por diversas transformações. De longe, as mais importantes ocorreram nos últimos 500 anos, com a Revolução Industrial e seus diversos estágios.
O Taylorismo permitiu que a divisão racional do trabalho ocorresse, assim como o ingresso do método científico nas fábricas e o aumento da produtividade das linhas de montagem.
Em seguida, vimos o Fordismo e suas esteiras mecânicas, capazes de, juntamente com a especialização rigorosa dos trabalhadores, produzir milhões de bens de alta complexidade por ano.
O Toyotismo foi um aperfeiçoamento do Fordismo, sendo sua principal característica a produção puxada (vender para fabricar). O lean startup usa muitos conceitos do Toyotismo e dos métodos ágeis, trazendo esses sistemas para a realidade das empresas.
Em resumo, o lean desenha um produto de acordo com os dados coletados dos consumidores, permitindo ao mesmo tempo pouco investimento e alto retorno. Ou seja, se encaixa perfeitamente na realidade de quem vive na insegurança.
Para que tudo dê certo, é preciso trabalhar com o conceito de MVP, o qual veremos a seguir.
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O que é MVP e como ele funciona?
O MVP é a abreviação de Minimum Viable Product, que em tradução livre significa Produto Mínimo Viável.
Em outras palavras, trata-se de um produto que carrega a solução proposta por sua empresa, mas que não corresponde ao item final, ficando reduzido ao mínimo para entregar o prometido ao cliente.
A ideia por trás desse produto é entender o que agrada o cliente de modo a usar essa informação no produto final – ou no próximo teste.
Aos poucos, com as alterações e incrementações, chega-se cada vez mais perto da proposta ideal, maximizando as chances de sucesso.
Vale notar que todos os feedbacks entregues pelos clientes são úteis, principalmente quando há quebra de expectativas.
Nesses momentos, fica claro o que os clientes esperam de sua empresa, oferecendo uma ótima oportunidade de agregar valor.
Agora que você entende um pouco mais sobre lean startup, vamos apresentar seus 5 princípios descritos no livro do Eric Ries, o fundador desse sistema.
Quais são os princípios da lean startup?
1. Empreendedores estão em todo lugar
Ries trouxe uma nova perspectiva de empreendedor: qualquer pessoa que esteja em situação de incerteza é considerada um empreendedor.
Isso é muito interessante pois colaboradores de empresas também se enquadram aqui.
Se você é um vendedor de uma empresa e tem como objetivo um incremento no faturamento, com certeza precisa inovar de alguma forma.
Para Eric Ries, você é um empreendedor – embora trabalhe de carteira assinada.
Estando nessa posição, é importante que saiba lidar com as adversidades e, principalmente, com as incertezas que ela traz.
Afinal, ao tentar algo novo não se sabe ao certo qual será o resultado, e isso é uma dose de estresse extra.
2. Empreendedorismo é gestão
Outro ponto levantado por Ries é que empreender é gerir. E ele não poderia estar mais certo do que isso – em todos os sentidos.
Quando pensamos em uma empresa, temos que ter em mente que falamos de uma somatória de pessoas que trabalham para um objetivo comum.
E todo esse orquestramento de ações precisa de gestão, caso contrário a empresa não durará muito no mercado.
No que tange ao lean startup, ele também inclui a capacidade de gerenciar os MVPs e seus feedbacks.
Como veremos ao longo deste conteúdo, essa gestão é de suma importância para o sucesso das empresas.
3. Valide o aprendizado
A validação do aprendizado significa, em última análise, pôr em prática o que você aprendeu com os MVPs.
Ou seja, não devemos engavetar os resultados obtidos nos testes de produtos, mas sim fazer as alterações necessárias, que podem ser drásticas.
Só para exemplificar, uma startup que visa melhorar a mobilidade urbana poderia iniciar seus estudos com um skate.
Em caso de rejeição do público, testar um patinete inovador poderia ser o próximo passo. Se ainda não agradar, uma moto pode ser a solução.
No fim das contas, a solução sugerida pelos clientes pode ser um carro compacto, por exemplo.
Esse é um caso de mudança drástica (skate => carro), mas que está plenamente dentro do esperado pelo sistema lean.
4. Contabilidade para Inovação
Ao contrário das empresas tradicionais, a ideia por trás da lean startup é garantir que haja progresso na produção de um produto que satisfaça os clientes.
Dentro desse contexto, priorizar as atividades tem um papel especial, pois o planejamento chega a ter mais peso do que a própria execução da produção.
Aqui queremos nortear os times para as tarefas que tragam mais resultados, priorizando as de menor esforço.
5. Construir, medir e aprender
O ciclo proposto por Eric Ries consiste em tornar o processo de aprendizado mais rápido, dado que somente assim a empresa consegue encontrar soluções viáveis e satisfatórias.
Além disso, a velocidade é uma variável realmente importante no mercado atual, onde novas tecnologias borbulham por toda parte.
Um projeto que dure um semestre pode ser colocado no mercado tarde demais para aproveitar uma oportunidade.
A aceleração do aprendizado também permite encontrar oportunidades que a empresa não enxergava até então. E isso pode significar um produto de extremo sucesso.
Como a lean startup se diferencia das empresas tradicionais?
O modelo lean startup tem diferenças estrondosas quando posto lado a lado com as empresas tradicionais.
Aliás, podemos dizer que o método Fordista de produção está para o sistema tradicional assim como o Toyotismo está para o lean.
Em sua maioria, as empresas tradicionais trabalham orientadas a projetos rígidos.
Ou seja, o projeto segue uma sequência linear de idealização, planejamento, execução e venda, com pouco ou nenhum aprendizado no decorrer do projeto.
Já o lean testa hipóteses ao invés de seguir um projeto linear.
Dessa forma, o que começou de uma forma pode tomar um rumo completamente diferente no próximo teste, o qual também está sujeito a futuras modificações.
Além disso, enquanto um projeto linear pode levar anos até seu deploy, um teste no estilo lean costuma ser feito em intervalos curtos.
O método tradicional sempre se sujeita a um fracasso nas vendas, enquanto o lean refina suas chances de sucesso sistematicamente.
Como usar essa metodologia em sua empresa?
Aplicar essa metodologia requer bastante conhecimento técnico, assim como qualquer outro sistema.
Nesta seção, vamos apresentar as principais competências ligadas ao lean e como sua empresa deve masterizá-las. Veja a seguir:
- É importante entender que todas as informações e ideias não passam de hipóteses. Ou seja, mesmo uma coleta de dados bem-feita ainda é um amontoado de hipóteses, e a realidade pode estar bem longe do que se imagina. Esse é o motivo dos testes e feedbacks recorrentes. A ideia é ir cambaleando até encontrar o caminho certo.
- Ao invés de lançar um produto para depois colher feedbacks, a empresa precisa entrar em contato com consumidores em potencial e qualquer outros atuantes do mercado que possam contribuir para o aperfeiçoamento de seu produto. Características do produto, preço, formas de envio e demais informações são de extrema importância para ter sucesso em vendas.
- O desenvolvimento do produto deve estar acoplado ao desenvolvimento ágil para não perder tempo e recursos de maneira desnecessária. Isso está em pleno alinhamento com a ideia de desenvolvimento incremental, aquele que trabalha com melhorias após feedback, característico do lean.
Para que o modelo funcione, é preciso adotar as ferramentas certas.
Quais são as principais ferramentas?
Pronto, estamos na última seção de nosso conteúdo. Aqui você terá um material especial: as principais ferramentas usadas pelo lean startup. Veja-as a seguir:
Testes A/B
Os testes A/B são, de longe, uma das principais ferramentas do lean startup. O motivo disso é claro: eles estão totalmente alinhados com o modelo proposto pelo lean, que é de testar hipóteses e colher feedback.
Para ter sucesso com os testes A/B, porém, é preciso seguir alguns protocolos de boas práticas, sendo o principal o seguinte: para cada teste A/B, altere apenas um item. Assim você terá certeza de que o item alterado tem um peso real para o produto.
Implantação contínua
A implantação contínua diz respeito a entrega de pequenos pacotes, ao invés de entregar um produto completo e complexo de uma vez. Ou seja, sua empresa vende apenas o mínimo para solucionar o problema proposto e, com o tempo, acrescenta funcionalidades.
Em resumo, a ideia é entregar alguma coisa aos clientes o quanto antes, dado que é essa postura que traz retorno para a empresa. Além disso, não podemos ignorar os tempos do mercado: a demora para fazer um deploy pode significar perder ótimas oportunidades para seu negócio.
Da mesma forma, a implantação contínua permite saber se o produto será um sucesso ou se a empresa precisa repensar a solução proposta. Isso permite pivotar ou persistir na ideia inicial, a depender das análises.
Pivotamento
O método lean startup, segundo o livro de Eric Ries, traz um pouco de intuição a um mercado cada dia mais voltado a dados. No caso, a intuição do empreendedor é importante na hora de decidir sobre um pivoteamento, que nada mais é que reestruturar um desenvolvimento de produto.
Existem diversos sinais que surgem no decorrer do ciclo de testes do produto. Os mais comuns estão relacionados a baixa eficiência dos experimentos, assim como uma sensação de baixa produtividade.
Pivotar é uma decisão realmente difícil, que precisa ser analisada com calma, pois é um ponto de extrema importância para o desenvolvimento.
Lean canvas
Se você tem experiência em gestão, com certeza já se deparou com uma matriz SWOT. Em resumo, a lean canvas segue o mesmo princípio do SWOT: estruturar informações de modo a se extrair algo relevante para a empresa.
No caso da lean canvas, a ideia é conseguir inovar e, antes de mais nada, deixar claro para que o produto em desenvolvimento serve. Embora seja apenas um detalhe, essa informação impede que a equipe se concentre em implementar uma solução ao invés de solucionar um problema.
Em outras palavras, o desenvolvimento volta-se ao problema que o cliente tem, e não somente nos desafios da implementação da solução. De nada adianta um produto cheio de funcionalidades mas que não soluciona o problema do cliente.
Interação com clientes
Por fim, a interação com os clientes é uma ferramenta que precisa ser empregada o quanto antes no desenvolvimento de produtos. Afinal, são os clientes que vão utilizar o produto, por isso desenhar a solução para atender a realidade dos consumidores faz tanto sentido.
A interação precisa ser harmoniosa, seguindo protocolos específicos. No caso, devemos respeitar a privacidade do cliente, inclusive sua vontade de fornecer feedback após testar o produto.
Colocar o cliente como parte essencial do desenvolvimento do produto, em um local central e privilegiado é uma ótima estratégia para ter melhores resultados.
Conclusão
A lean startup é um sistema de produção que visa diminuir as incertezas em projetos de inovação. Mesmo sendo moldado para a realidade das startups, esse “modo de fazer” tem espaço em diversos casos, inclusive quando apenas um trabalhador dentro de uma empresa pretende usá-lo.
Em resumo, a ideia é elaborar MVPs e testá-los no mercado, coletando e analisando feedbacks. Com essas informações, pode-se trabalhar com melhoria contínua, o que aproxima o produto da solução ideal esperada e requerida pelo consumidor.
Bem interessante esse conceito, não é verdade? Se gostou do material, aproveite para explorar o nosso blog!