Os modelos de produção são fundamentais para sustentar uma população humana cada dia maior.
A demanda por bens e produtos nunca foi tão alta como é hoje, e as indústrias precisam investir em inovação para conseguirem acompanhar o mercado.
Uma coisa é certa: a humanidade nunca havia produzido como hoje. E isso teve um crescimento fenomenal nos últimos séculos, momento em que passamos da produção artesanal para a de larga escala.
Neste conteúdo, vamos apresentar os principais modelos de produção da história, inclusive aquele que vivemos hoje, o chamado Revolução Industrial 4.0.
Confira!
O que são Modelos de Produção
Modelos de produção referem-se a abordagens ou sistemas organizacionais que definem como os bens e serviços são produzidos em uma economia ou em uma empresa.
Esses modelos descrevem as práticas, processos e estruturas que guiam a transformação de insumos em produtos acabados.
Existem diversos modelos de produção, cada um com características específicas, como produção em massa, produção enxuta, produção personalizada, entre outros.
Cada modelo tem suas próprias vantagens, desafios e aplicações, influenciando a eficiência e a forma como as organizações atendem às demandas do mercado.
Tipos de Modelos de Produção
Qual Modelo de Produção Atual
Em termos gerais, o modelo de produção atual pode ser caracterizado por uma combinação de abordagens, com destaque para a produção enxuta (lean production) e a digitalização dos processos.
A produção enxuta busca eliminar desperdícios e otimizar eficiências, enquanto a digitalização incorpora tecnologias como automação, inteligência artificial e análise de dados para aprimorar a eficácia e a flexibilidade dos processos produtivos.
Este contexto cria um modelo mais adaptável e orientado para a personalização, permitindo maior agilidade na resposta às demandas do mercado.
O Taylorismo como modelo de produção
Podemos dizer que tudo começou com Taylor, no fim do século XIX. Suas ideias foram transformadoras no que tange a produção;
Além disso, foi neste período que o estudo da relação homem-trabalho ganhou foco, onde a psicologia teve emprego prática na indústria, mudando-a de uma vez por todas.
O contexto do Taylorismo
O Taylorismo está localizado logo no início da Segunda Revolução Industrial, que aqui será chamada de Indústria 2.0. Essa designação fará sentido mais adiante neste conteúdo.
Na época, as pessoas trabalhavam em fábricas e já utilizavam maquinários interessantes, que foram empregados desde a Indústria 1.0. Porém, não havia ordem nas fábricas, o que causava um caos total no ambiente de trabalho.
Portanto, o Taylorismo trouxe ordem ao caos, permitindo um sistema produtivo bastante eficiente, que reverberou através das revoluções seguintes, sendo a base para as futuras gerações de modelos de produção.
A proposta de Taylor
Taylor trabalhava com a ideia de que certos funcionários eram mais aptos que outros para um determinado serviço.
Além disso, passou a empregar testes científicos visando aumentar a produtividade dos trabalhadores, sendo bem-sucedido em sua empreitada.
Sua proposta tinha os seguintes princípios:
- cada trabalhador deve realizar uma tarefa específica, que era designada após testes;
- uma hierarquia rígida entre a gerência e os trabalhadores foi estabelecida, sendo os primeiros incumbidos de ordenar os segundos;
- somente os gerentes sabiam todo o processo de produção;
- os trabalhadores eram tratados como máquinas, executando serviços repetitivos por horas a fio;
- qualquer medida que pudesse aumentar a produtividade era de interesse da fábrica.
Principais Aspectos do Taylorismo
Um dos principais aspectos do Taylorismo é o uso do método científico nas fábricas, que permitiu ótimos resultados.
Além disso, seus testes começaram a moldar alguns dos direitos trabalhistas básicos, assim como o que sabemos sobre ambiente de trabalho saudável – embora na época o cenário era muito diferente do atual.
Principais críticas
Existem duas grandes críticas ao Taylorismo que não podem ser ignoradas:
- como cientistas estudavam os trabalhadores, estes ficavam com uma sensação ruim, causando inclusive problemas internos.
Um caso bastante comum era ofertas de benefícios para aumentar a produtividade, fazendo com que os trabalhadores produzissem mais, mas sem aumento salarial; - a linha de produção era composta, basicamente, de gerentes e trabalhadores.
Como é de se imaginar, essa hierarquia fomentava conflitos, os quais podiam atingir proporções enormes, inclusive com depredamento das fábricas.
Fordismo e a massificação da produção
Vimos como o Taylorismo ajudou a colocar ordem na produção das fábricas, através do método científico e da hierarquia. Porém, embora Taylor revolucionou a produção, ele rapidamente perdeu espaço para Ford e suas esteiras mecânicas.
Entretanto, muitas das ideias de Taylor seguiram vivas no Fordismo, sendo que muitas delas se tornaram princípios universais de produção.
Dito isto, vamos explorar o Fordismo!
O contexto do Fordismo
O Fordismo chegou em um momento em que o Taylorismo era dominante. A principal contribuição de Henry Ford, portanto, foi mudar o foco do trabalhador para as técnicas de produção.
Além disso, Ford trouxe ideias revolucionárias para a época, inclusive ajudando os primeiros sindicatos dos trabalhadores, reduzindo jornadas de trabalho e, sobretudo, duplicando salários.
Incrível, não é verdade? Vamos ver sua proposta.
A proposta de Ford
Ford adotou tudo o que o Taylorismo tinha a oferecer, fazendo algumas pequenas alterações.
Primeiro, a produção deveria ser fracionada em pequenas tarefas, e cada tarefa seria realizada por apenas um trabalhador.
Segundo, o trabalhador deveria se tornar especialista em sua tarefa, de modo a produzir mais em menos tempo. Por fim, cada trabalhador ficaria estático ao lado das esteiras, que seriam responsáveis por trazer o item em produção até cada posto de trabalho.
Esse sistema tornou possível a produção em massa de produtos, nunca antes vista nestas proporções, pela humanidade.
Principais aspectos
Os principais aspectos desse modelo de produção são:
- a rotatividade de trabalhadores não é interessante, dado que quanto mais experiente o trabalhador, mais ele consegue produzir;
- aumentos salariais e jornadas de trabalho “curtas” prendiam os trabalhadores nas fábricas – e davam uma baita dor de cabeça nos concorrentes;
- não havia estudo de demanda, por isso era interessante uma boa remuneração, incitando a compra dos carros pelos trabalhadores da própria fábrica;
- esse sistema necessitava de estoques enormes e não tinha controle de qualidade ao longo da produção;
- não permitia grandes variações de modelos, pois isso aumentava a complexidade do trabalho realizado pelos trabalhadores.
Principais críticas
Se Taylor foi criticado por tratar o homem como uma máquina, Ford foi muito além e, de fato, conquistou esse feito, uma vitória sem mérito porque fomentava protestos frequentes de trabalhadores.
Além disso, esse sistema não estudava as demandas do mercado e nem trabalhava com controle de qualidade nos diversos estágios de produção, causando grandes desperdícios.
Toyotismo e a produção puxadas
O Fordismo começou a perder forças logo após a Segunda Guerra Mundial, momento este em que diversas fábricas da Europa entraram no mercado.
Como a demanda por seus carros caiu muito e a produção não cessou, ficaram claros os problemas desse modelo, e em 1970 surgiu o Toyotismo, tendo origem no Japão.
O Toyotismo aperfeiçoou o Fordismo, que por sua vez era um aperfeiçoamento do Taylorismo. Veja a seguir:
O Contexto do Toyotismo
Como Ford possuia muito espaço para estocar seus veículos, a demanda maciça e os enormes estoques não eram problema. Mas, no contexto do Japão, país conhecido por ter pouco espaço útil, esse modelo era impossível.
Mas isso não era tudo: braços mecânicos e demais equipamentos de produção sofisticados já faziam parte do mercado, e o Toyotismo soube usar essas tecnologias muito bem.
A proposta de Eiji Toyoda
A proposta de Eiji Toyoda era a seguinte:
- Cada trabalhador deve contar com qualificação profissional, o que contrastava fortemente com os sistemas anteriores;
- A produção só seria feita se houvesse demanda pelo produto. Ou seja, ao invés de primeiro produzir para depois vender, primeiro se vende para depois se produzir; essa ideia é chamada “demanda puxada”;
- Os trabalhadores conhecem todas as etapas de produção, sendo capazes de atuar em mais de uma delas;
- Ao contrário do Fordismo, a variação de produtos é importante para competir no mercado internacional, que a essa altura já era acirrado;
- O uso de máquinas é imprescindível dentro das fábricas, permitindo que um trabalhador produza o equivalente a vários.
Principais Aspectos
O desperdício nas fábricas caiu muito com a adoção das ideias de Eiji Toyoda, tornando o Toyotismo um dos modelos de produção mais bem-sucedidos da história – que inclusive ainda é aplicado em diversas montadoras.
Aliás, boa parte da Indústria 4.0 já estava presente no Toyotismo, principalmente quando pensamos nas máquinas como agentes principais para a produção. Embora esse sistema seja excelente, ele também recebeu críticas fortes.
Principais críticas
De longe, a principal crítica ao Toyotismo é a tendência de gerar desemprego. Afinal, como um mesmo trabalhador era capaz de executar diversas tarefas, a redução de mão de obra nas fábricas era inevitável.
Além disso, mesmo a demanda puxada e as variações de bens sendo benéficas, essas características causavam uma produção mais lenta que a Fordista, o que acarretava demoras na hora de entregar a demanda.
Lean startup como modelo de produção
O Toyotismo foi uma grande revolução, e seus efeitos são sentidos até os dias de hoje. Mas, como era de se esperar, o contexto mudou muito de lá para cá, e isso tem um peso enorme para os modelos de produção.
O lean startup surgiu no início dos anos 2000, unindo as técnicas de produção de indústrias de software com as principais ideias do Toyotismo.
O SCRUM, uma técnica que antes era apenas das empresas de TI foi reformulado para a realidade das fábricas – sobretudo startups.
O contexto da lean startup
Para entendermos o contexto do lean startup precisamos analisar o mercado moderno: novas tecnologias, ferramentas e equipamentos borbulham a todo o instante, não dando espaço para um ritmo lento de desenvolvimento de produtos – não especificamente de produção.
Ou seja, os modelos anteriores ao lean contavam com a sorte para obterem sucesso durante o lançamento de um produto. Isso acontecia pois o tempo entre o início do projeto e sua entrega era grande para o padrão do mercado, fazendo com que muitas empresas perdessem o momento certo do lançamento.
É justamente esse problema que o lean soluciona!
A proposta de produção lean
Podemos resumir o lean startup pelos seguintes tópicos:
- deve haver demanda para o produto desenhado;
- as decisões são tomadas majoritariamente com base em análise de dados;
- o desenvolvimento deve seguir a ideia de MVP, traduzido como “Produto Mínimo Viável”, que nada mais é que lançar apenas as funcionalidades mínimas para solucionar o problema em questão;
- deve-se aplicar pivotamento quando necessário, havendo reformulação completa do produto quando parecer viável;
- o método “tentativa e erro” é o carro-chefe desse sistema, de modo que quanto mais tentativas, melhores os resultados no lançamento.
Principais aspectos
Ao contrário dos métodos de desenvolvimento de produtos da época, o lean conseguia entregar produtos inovadores e que satisfaziam as demandas do mercado muito bem – por isso é usado até hoje.
O MVP consistia em analisar as demandas dos clientes e, com base nelas, desenvolver produtos com o mínimo de funcionalidades para solucionar essas demandas. O veredito só era dado pelos próprios consumidores, os quais também faziam parte do desenvolvimento.
Esse desenvolvimento orientado a testes tornava quase impossível fracassar durante um lançamento, dado que o produto já havia sido avaliado pelos consumidores.
Principais críticas
A principal crítica a esse modelo é a palavra “mínimo”: por causa dela, vemos lojas abarrotadas de produtos de baixa qualidade, muitas vezes frágeis e de acabamento duvidoso.
Quer um exemplo disso? Compare os brinquedos de hoje em dia com os de 10 anos atrás. A diferença é esmagadora. Essa baixa qualidade fomenta o consumismo desenfreado, um problema sério quando olhamos para o meio ambiente.
Indústria 4.0
Por fim, chegamos à Indústria 4.0, um assunto em pauta nos dias de hoje e que já começa a ser empregado em alguns locais do mundo.
O contexto da Indústria 4.0
A Indústria 4.0 só é possível graças a tecnologia que temos atualmente. Aliás, podemos dizer que ela é o produto de séculos de estudos, que vão desde os campos mais básicos dos saberes até os mais sofisticados.
Veja suas propostas:
A proposta dessa revolução
As propostas da Indústria 4.0 são:
- máquinas capazes de pensar por conta própria;
- comunicação entre aparelhos distantes através da internet, seguindo o modelo IoT;
- mão de obra humana muito reduzida no processo produtivo, tendo como foco serviços secundários, como manutenções;
- produção com base em análises de Big Data e Inteligência Artificial.
Principais aspectos
Um dos principais aspectos da Indústria 4.0 é a transformação do trabalho. Como estamos vivenciando seu surgimento, só nos sobram as teorias de como o mercado será impactado por esses novos mecanismos, por isso devemos ter cautela neste tópico.
Uma das grandes mudanças será a priorização das relações intra e interpessoais. Como boa parte dos processos será dominado por máquinas, o “ativo humano” será muito valioso. Conhecimentos das principais tecnologias do mercado também farão diferença.
Principais críticas
De acordo com as principais teorias, um dos problemas será o desemprego, mas que pode ser suplantado pelos novos diversos postos de trabalho que surgirão. Se olharmos para o passado, as máquinas tomaram postos de trabalho, mas fomentaram o surgimento de muitas outras profissões.
A verdade é que as novas tecnologias são demandadas pelos desafios que a humanidade enfrenta neste exato momento. Toda a história culminou neste ponto singular em que nos encontramos, e com certeza conseguiremos manobrar com maestria, como fizemos no passado.
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